terça-feira, 15 de setembro de 2009

27/08/2009 - CONTINUAÇÃO...OFICINA Nrº7

Já havíamos discutido muito sobre a importância de tornarmos nossos alunos letrados, mas que isso não é culminância somente da disciplina de Língua Portuguesa e sim envolve escola, todas as demais áreas e também a sociedade.
Segundo Kleiman ( 1993, p.3), a visão de que o processo de letramento é constituído por "práticas e eventos relacionados ao uso, função e impacto da escrita na sociedade", segundo a qual a leitura e a escrita realizada pelos alunos é orientada não apenas pelo processo de escolarização, mas também pela experiência prévia e/ou exterior à escola. Podemos então observar que a autora enfatiza que o processo é abrangente e não só na escola. Nós professores devemos estar engajados na busca de mostrarmos ao aluno o uso social da escrita.
Foi relatado nossas experiências de prática no início do encontro, pois era uma das tarefas do nosso encontro de hoje, então como pontos negativos dessa Unidade, achamos que a observação da Parte II da Oficina para que não relatassemos a experiência com o poema Cidadizinha Qualquer, deveria estar definido no início desta Oficina e não no meio, pois quando lemos, já havia sido mencionado algumas experiências, nossa sorte foi que deixamos o Relato da professora Fabiana para nossa Oficina.
Para continuidade, retomamos as dificuldades desta atividade e foi unânime o fato de termos que induzir os alunos às perguntas e foram saindo inúmeras tipo:
1º Alguém já ouviu falar em Carlos D. de Andrade?; Onde ele nasceu?; Como poderia ser Itabira naquela época?; O que será que falaremos em Cidadizinha Qualquer?..., por fim, achamos que sem uma indução seria muito difícil o andamento da atividade e os demais Avançando na Prática, para nós, não foram atrativos.
O trabalho da professora Fabiana foi maravilhoso e conseguiu tornar a atividade bem mais atrativa. Acho que eu não estava muito motivada com o meu trabalho em relação ao poema, pois a turma estava agitada e eu não estava preparada para a falta de interesse da turma. Apontei minhas frustações na Oficina e ganhei um novo gás com o trabalho que relato a seguir:

Diante do estudo da Unidade 14, optei pela realização do Avançando na prática da seção 3 – Conhecimentos prévios interferem na produção de significados do texto? e a partir da sugestão apresentada na atividade 15, realizei o avançando na prática no dia 04 de setembro de 2009 com os alunos da 7ª série.
Iniciei a atividade somente com o título do poema no quadro e as iniciais do nome do autor.

Cidadezinha Qualquer
ANDRADE, C.D.

Diante dessas informações, questionei os alunos sobre as informações apresentadas. Alguns estavam preocupados com aquelas informações, perguntando se teriam que continuar o “texto”, outros disseram que não estavam entendendo nada e alguns colocaram que eu iria passar um texto sobre uma cidade pequena.
Com a curiosidade dos alunos aguçada, questionei sobre o autor e como alguns alunos lembraram que havíamos estudado sobre algumas biografias (no início do Programa Gestar) disseram que se tratava de um poema de Carlos Drummond de Andrade. Após iniciamos uma conversa sobre o autor, a época em que escreveu o poema que ia ser trabalhado, o lugar onde nasceu e sobre o qual está falando no poema. Perguntei sobre como imaginariam a cidade de Itabira, um pouco de 1930, aí veio um novo questionamento: Por que motivo estava citando aquele ano (1930)? Aproveitei e fiz um breve comentário sobre a Semana da Arte Moderna e o que representou esse movimento.
Alguns a exposição dos alunos passei o poema no quadro, fiz a leitura e partimos para o estudo das ideias apresentadas:
(Montei um roteiro de questionamentos, antes de iniciar a atividade, pois o poema dispõe de muita informação a ser trabalhada)

Como era Itabira em 1930?
Como é a nossa cidade?
Que outras cidades vocês gostariam de conhecer? (reais ou não)
Aonde vocês gostariam de morar? Ou viajar?
Por que o título Cidadezinha no diminutivo?
“Qualquer” é um elemento negativo?
Frases nominais, sem verbo, que dão a ideia de uma fotografia.
Estrutura simples, mostra a rotina “nada para fazer”
Que elementos femininos estão presentes na primeira estrofe?
Palavras no plural ou singular?
Que elementos da natureza podemos destacar na primeira estrofe? Podemos comparar esses elementos com algum outro?Segunda estrofe, andar sem rumo, mesmas classes gramaticais?
Estrutura dos versos.
Os elementos homem/cachorro/burro poderiam estar reunidos em uma frase só? Justificar resposta.
Há igualdade dos três elementos, pelo fato de estarem andando devagar?
Quais são os núcleos dos sujeito das três primeiras frases da 2ª estrofe?
O último verso da 2ª estrofe apresenta um elemento figurativo? Qual?“Janelas” olham, seriam mulheres, de dentro da casa?
“Besta” um só adjetivo, como substantivo designa animal?“Eta vida besta meu Deus” De quem? Do poeta? Das mulheres?
O último verso começa e termina com interjeição, pata caracterizar desabafo. Quais são essas interjeições? O poema apresenta rimas?
As cenas são do cotidiano?
O que uma cidade pode apresentar de bom ou mau?
Como seria a cidade de seus sonhos?
Em sua opinião, há elementos do poema que poderiam ser comparados com a sua cidade? Quais?

Diante do roteiro apresentado realizamos uma análise do poema. A atividade foi feita de forma bem descontraída, pois após a leitura do poema, alguns alunos disseram que não haviam entendido nada e ao final colocaram que “podemos tirar muita informação de um poema, sem precisar escrever muito, é só ter calma”. Solicitei que os alunos representassem por meio de ilustração a cidade apresentada pelo poeta e a cidade onde os alunos moram ou gostariam de morar. Por último, li o texto A cidade do Óbvio, de Luis Fernando Veríssimo que encontrei por acaso em um livro didático e aproveitei para concluir a atividade proposta.

A CIDADE DO ÓBVIO
É fácil localizar a cidade do Óbvio. Ela fica exatamente onde você esperava que ela ficasse e, inclusive, está identificada no mapa pela palavra “Óbvio”. Quem for de carro deve seguir as indicações na estrada até chegar onde quer ir: é Óbvio. Pode-se ir de ônibus, tendo o cuidado de pegar um ônibus que não vá para outro lugar, ou de trem, desde que se desça na estação certa. O nome da cidade, Óbvio, estará escrito na estação com letras. Se o nome na estação for outro, não é Óbvio. É claro.Em Óbvio tem uma praça central onde ficam a igreja matriz e a prefeitura. A igreja é usada para missas, enquanto a administração da cidade se concentra, convenientemente, na prefeitura.Apesar de uma certa mesmice , as casas de Óbvio, todas feitas com material de construção, se distinguem por certos detalhes arquitetônicos, como janelas e portas que abrem e fecham. Existem ruas. A cidade é cheia de lugares-comuns.Em Óbvio conversa-se pouco. Primeiro, porque desde a fundação da cidade ninguém jamais teve um pensamento original e os assuntos se repetem. Segundo, porque as pessoas, quando se encontram, não precisam dizer nada. Em Óbvio está tudo na cara.Óbvio fica logo depois de Evidente para quem vai a Redundância.Os principais produtos da região são os truísmos e as coisas feitas ali mesmo. Quando a temperatura baixa, faz frio, mas os termômetros sobem quando esquenta.E Óbvio tem uma peculiaridade quanto ao clima. Lá só chove no molhado. Luis Fernando Veríssimo
Durante a atividade, os alunos demonstraram muito interesse, pois diante dos questionamentos percebiam que o poema apresentava dados não vistos anteriormente. Foi uma atividade bem prazerosa de ser realizada.
Após este material motivador, conversamos mais um pouco e passamos para o "Mergulho no Texto", fomos na Unidade 15 e verificamos que agora o foco é a leitura, mas o grupo ainda sente uma lacuna de insatisfação, pois achamos que os TP´S estão invertidos, seria mais conveniente primeiro o estudo do TP 1, depois o TP4 e depois o TP3, pois começaríamos pelo ponto de partida: O que é texto?, passaríamos para os objetivos de leitura e escrita e só depois envolveríamos os alunos a verificarem gêneros e tipologias. É claro que essa é nossa opinião, então achamos que deveríamos postar nossos anseios.

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